segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Só....mas nunca sozinha!


Bom....hoje foi um dia difícil...dei minha primeira aula de yoga depois que soube desse novo diagnóstico do meu marido. Então tive que compartilhar com meus alunos queridos esse meu momento. Em 2008, eles foram uma companhia constante, eles foram amorosos, solidários...choraram comigo quando soubemos do câncer, e se alegraram quando soubemos que o tumor havia desaparecido. Hoje tive que começar a contar que teremos que passar por isso outra vez.

Uma vêz ouvi um ditado (acho que chinês): "Quanto maiores forem os seus segredos, maior é a sua prisão", gostei tanto disso, teve tanto significado pra mim....Sinto que quando abro meu coração e exponho o que sinto, ou que estou passando, encontro apoio, ressonância...recebo muito....e mais ainda, me sinto livre!

Bom...sou professora de yoga, e desde sempre fujo de um rótulo muito comum, no imaginário de algumas pessoas, de que ser prof de yoga significa ser Zen (do senso comum), ou seja , alguém que está acima do bem e do mal. É muito comum, a associação dos professores de yoga com alguém que não se abala, professores de yoga cuidam do corpo e do espírito, as emoções ficam para os não praticantes. Uma vêz ouvi de alguém, que para um professor de yoga eu era muito alegre! uau! Fiquei pensando o que essa pessoa acharia de mim como prof de yoga, se me visse com raiva ou com mêdo?

Sou professora de yoga, e tento ensinar que devemos estar inteiros, e quanto mais livres dos condicionamentos melhor! Ser uma praticante do yoga me fez compreender que posso me desidentificar dos fatos, das sensações e das emoções. Eu não sou a dor, eu tenho uma dor. Eu não sou o mêdo, mas eu estou sentindo isso.

Quando penso dessa forma, não há espaço para o desespero, me mantenho livre, eu estou aqui...essa dor existe, mas EU estou aqui. Essa compreensão eu devo ao yoga. A prática constante, não só com o corpo, mas também com a alma, me permitem hoje sentir tudo que minha alma produz, ou que a vida me coloca diante, mas posso contemplar, apesar da dor, posso observar, perceber algo maior naquilo, algo que me faz crescer...que me ajuda a ser uma pessoa melhor.

É verdade que terei que falar com todos os meus alunos, clientes, amigos...e ver os meus sentimentos refeltidos no rosto de cada um, terei que ver expressões de frustração e de dor de cada um deles, por que sei que ninguém quer me ver passar por isso outra vêz, e eu muito menos. Mas....terei que viver todas as dores e prazeres que me cabem nesse momento.

Não me sinto só....a minha sensação é que estou completamente acompanhada, e isso me dá muito conforto, mas sei também que posso ficar só, que tenho o direito de ficar só, que tenho essa liberdade, que posso me permitir esses momentos que me ajudam a escutar meu mestre interno, escutar meu coração....nunca sozinha, mas só! Isso só é possível quando estou só, em contato íntimo com um lugar de muito silêncio e paz que sempre existe dentro de mim!

Namastê!

Ludmila

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