quarta-feira, 18 de março de 2009

EU POSSO TAMBÉM!


Começou outra semana de quimio...nesse exato momento Judson está recebendo drogas na veia e ficará assim até sexta-feira. É impressionante como o tratamento que pode salvá-lo, causa imediatamente tanto desconforto e mal estar, e exatamente por isso temos que imediatamente iniciar um trabalho mental para receber o "desagradavel" com tranquilidade! Esse é um super trabalho! Penso que, se ele desenvolve resistencias ao tratamento, o mesmo será mais dificil ainda. Ao mesmo tempo, não desenvolver resistencia àquilo que nos causa desconforto é muito difícil...


Tenho uma fala que comumente repito para os meus alunos de yoga quando diante de uma postura um pouco mais complicada, eles reclamam dizendo: Poxa, mais é tão difícil! Eu digo: Viver é difícil! Não existe nada fácil! ....Nessa minha fala não existe nenhum tipo de pessimismo ou algo parecido, muito pelo contrário, essa minha forma de ver a vida sempre me colocou diante dos desafios de uma forma natural e com pouca resistencias e sem queixas e lamentações, porque acho muito natural a dificuldade da vida e de seus desafios...não acho que vai ser diferente nunca...temos momentos de descanso, mas pra quem caminha, não existe acomodação, e onde existe movimento, existe desafios...


Recebi de uma aluna querida, ela já fez isso antes, uma frase linda de Ariano Suassuna, ele diz: "...pois na dor também se vive, e pode-se viver com Alegria!". Obrigada Rita! Acredito nisso. Tenho vivido e experimentado isso. As alegrias estão presente, sinto-me uma pessoa feliz, grata, acolhida, acompanhada...


Tem outra coisam que sinto e percebo que por conta disso, faço parte de uma grupo seleto de pessoas. ADORO MEU TRABALHO! Adoro tudo que faço! Meu trabalho é um alimento precioso. Ele está diretamente relacionado com o meu prazer!! Acho muito especial ter um trabalho em que produzo minhas condições materiais de vida, mas que ao mesmo tempo me alimenta em outros níveis. Sair para trabalhar é um prazer, e vivo um momento profissional excelente, adoro trabalhar...simplesmente adoro! Adoro cada atendimento que faço, cada aula que dou. Sinto uma felicidade enorme e percebo como sou feliz por isso.


Quando comecei esse blog, algumas pessoas me perguntaram como seria me expor diante dos clientes. Como seria pra mim ou para os meus clientes saberem que eu sofro, ou que eu choro? Como seria para eles participarem desse momento tão doloroso e íntimo? Essa era a pergunta que me faziam. Eu pensava: Será que algum cliente ou aluno imaginou em algum momento que eu não sofresse ou não chorasse? Que tipo de pessoa eu seria se não chorasse ou não sofresse? Que tipo de terapeuta eu seria se não fosse uma pessoa que chora e sofre?


De fato isso nunca foi uma preocupação pra mim. Sou assim. Não consigo me imaginar presa a nenhum tipo de imagem, por conta do meu trabalho. Não sou alguém "Zen" por que sou professora de yoga, não sou alguém que não sofre...O yoga e a psicologia, mas sobretudo o Yoga, me deram a possibilidade de SER, livre de qualquer prisão...de ser quem eu sou...de viver minha dores e ser feliz ao mesmo tempo...porque aprendemos com o yoga a relaxar no esforço...isso o yoga me ensinou!


Aprendi também que os únicos demônios que existem são aqueles que moram dentro do meu coração, então não consigo vê-los fora de mim. Não consigo ver o câncer como um "demônio"...mas a forma como eu o vejo pode ser demoníaca...assustadora. Aprendi também que tudo que preciso, está dentro de mim...isso é libertador. Significa que nada me falta! e aprendi ainda que, se alguém conseguiu fazer uma coisa, isso significa que potencialmente todos poderiam conseguir fazer o mesmo. Se alguém escalou o Everest, eu poderia também. Se alguém enfrentou um determinadao desafio...eu posso também. Se alguém atravessou uma dor, eu posso também!


O que não nos falta na vida são os exemplos de pessoas que conseguiram, que venceram, que atravessaram sua dificuldades...e ainda temos exemplos daquelas que fizeram isso com alegria, com paz no coração, sem queixas... com amorosidade e com dignidade...Eu posso também!

Namastê!

Ludmila Rohr

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