segunda-feira, 29 de março de 2010

AFEMARIA!!!!

Sempre ouvi essa história sobre brasileiros que moram fora do Brasil, e que se emocionam toda vez que escutam ou veem qualquer coisa relativa ao nosso país. Nessa última sexta, fomos ao show de Gilberto Gil aqui em Houston. Estávamos super animados...compramos nossos ingressos com antecedência. Gil...além de brasileiro é baiano!! Afe!!! ou seja, minha casa, minha adolescência, minhas memórias...afemaria!

O primeiro impacto da noite foi o teatro! Afemaria...coisa linda! Imenso (como tudo no Texas), magnífico...demais! O segundo impacto foi a quantidade de pessoas falando português juntas aqui nos EUA. Afe! Nem dava pra lembrar que estávamos longe do Brasil! Acho que todos os sotaques estavam lá representados. O terceiro impacto foi a quantidade de americanos!! Muita gente daqui foi ver Gil! Não era um show para saudosistas brasileiros...ele falava em Inglês e prestigiava seu público! Era um show de um grande artista cujo público ultrapassa as nossas fronteiras.

...e por fim...Gil!

Ele do alto da sua experiência e maturidade! Simples, como só os bons podem ser. Simples, como só aqueles que sabem o que fazem podem ser. Claro, límpido...ser artifícios...como só um artista experiente pode ser! Ele...de branco...com o violão...ele, Gil...tranquilo e animado...com toda sua baianidade...lindo!

Acompanhado apenas por dois músicos (um deles o próprio filho). Ele, Gilberto Gil.

Perguntou quem tava com saudade da Bahia? Gritei: EU!!! ele responde: eu também!

Anunciou que ia cantar Caetano. Eu gritei: Afemaria!!!

canta...canta ...
até que vem: Andar com fé eu vou...que a fé não costuma faiá!!

É verdade, a fé nunca faia. Afemaria!!!!


segunda-feira, 22 de março de 2010

Do Holocausto ao interior da Bahia


Eu acabava de chegar de uma viagem a Washington D.C., incrível cidade e capital desse país, quando conversei pelo msn com Juliana França, que é uma amiga, também psicóloga, lá na Bahia. Ela me contava sobre seus atendimentos à população carente no interior da Bahia.

 Vou tentar descrever aqui sobre o quanto essa viagem a Washington D.C. e os atendimentos de Juliana têm em comum...e de que forma ressoaram igualmente na minha alma. 

Além da beleza impressionante de Washington com todos os seus monumentos, fomos a alguns museus e um deles foi o Museu do Holocausto. Queria muito ir nele. Já havia lido sobre esse museu...sobre o quão impressionante ele é, e pessoalmente a história dos judeus na Segunda Grande Guerra, me comove imensamente.  

Esse tema sempre me comoveu muito, por isso  não consigo assistir impunemente a filmes que tratem dessa temática, nem documentários, nem leio livros...não consigo ver nada relativo a esse tema, sem me emocionar bastante. Esse tema move sentimentos tão profundos quanto vivos, de algo que não lembro, mas que sei. Esse tema mexe com memórias de uma outra vida,  ou de muitas vidas, que talvez não tenham sido minhas, mas que minha alma é simplesmente ressonante. 

Sinto muita empatia pelas histórias dos judeus vítimas do Holocausto.  Esse é um sentimento que me faz bem. Doi na alma, mas certamente me faz uma pessoa melhor. Não consigo ser indiferente e nunca acho que essas histórias ficaram no tempo...Elas precisam ser relembradas, porque fomos nós, enquanto humanidade, que a sofremos, que a produzimos, ou que a deixamos acontecer.

Agora, vou direto de Washington, capital dos EUA para Cabaceiras no interior da Bahia, onde minha amiga atende pessoas que sofrem e a deixam, enquanto psicóloga com mãos atadas e com uma sensação enorme de impotência e frustração. Como "atender", clinicamente falando, uma pobre mulher que teve seu marido assassinado na frente dos filhos? O que a "psicóloga" faz numa hora dessas? Como atender essa mulher que não tem espaço para sofrer, porque ela precisa cuidar da vida, ela precisa sobreviver e seguir adiante dando o que de comer para os filhos?

É nesse ponto da INDIGNAÇÃO que essas histórias se encontram na minha alma. Preciso continuar me indignando sempre com histórias como essas. Penso que nunca, em tempo algum, minha alma poderá se anestesiar diante delas. 

Não posso deixar de pensar nas muitas mães e filhas, pais e filhos que morreram brutalmente no Holocausto e que tem suas fotos expostas naquele museu...não posso pensar que são só fotos, ali estão rostos de pessoas que tiveram suas vidas brutalmente arrancadas e que se tornaram números em uma tragédia. 

A tragédia que minha amiga Juliana está agora presenciando, existe há muito tempo..ela é lenta e de tão lenta, nem comove mais ninguém...

Muitos nordestinos famintos e desprotegidos morrem todos os anos e, não comovem mais ninguém. De tão rotineiras, essas mortes, se transformaram em algo sem importância, elas não causam impacto..elas não comovem...elas não aparecem nos noticiários..nos jornais...e nunca terão um museu para retratá-las.

Minha amiga, acha que pouco pode fazer por essas pessoas...eu penso que ela pode fazer muito! Tirar essas pessoas da invisibilidade e acolher suas almas sofridas, dar espaço para o choro contido, acolher suas histórias e reconhecer essa tragédia da qual todos nós somos autores inconscientes ou coniventes...esse é o nosso trabalho!

Talvez como psicóloga ela possa muito pouco, acho que talvez eles nem precisem do nosso conhecimento sobre Freud e o seu Édipo, Skinner, Jung..etc.., mas como pessoa..ela pode muito...porque penso que, assim como os judeus da segunda Guerra, eles precisam ser vistos, e nós temos a obrigação de sairmos de trás de nossos diplomas e das nossas casas confortáveis e abrir os olhos e o coração vê-los!

Essa visão da vida, certamente não é cor-de-rosa, mas assim é a vida, e não quero estar nela vítima da cegueira e da ignorância que usamos para justificar o nosso egoísmo.

Coragem, Ju...acredite, isso te fará uma pessoa muito melhor!!

Namastê

Ludmila Rohr




sábado, 13 de março de 2010

Escolho a beleza das flores!!!


Moro em Houston, no Texas, desde dezembro, voces sabem disso. Sou baiana, nasci e me criei em Salvador. Adoro minha cidade apesar de todo o seu caos. Muitas vezes falo mal de Salvador e do Brasil, mas só eu posso falar, sou como uma mãe de bandido, sei das coisas ruins da minha cidade, mas se alguém falar mal dela, vou defendê-la.

Tenho viajado e conhecido alguns lugares no mundo e não tenho uma visão romântica com relação a nenhum deles. Estou gostando muito da minha experiência aqui nesse país, mas também consigo ver coisas, que para mim, são assustadoras. Não gosto da padronização das casas, das lojas, dos ambientes..não gosto de como as regras estão acima das pessoas, embora reconheça o quanto isso funciona, mas vejo também o quanto aniquila o indivíduo.  

No Brasil o individualismo está tão acima do coletivo, que vivemos o caos da esperteza que gera o desrespeito aos direitos de todos. O ditado que mais odeio e que representa tão bem isso é: "Farinha pouca, meu pirão primeiro". As pessoas querem se dar bem, em detrimento do coletivo. Querem se dar bem, mesmo que tenham que passar na frente do outro. A pessoa acha que pode estar acima das regras, e isso é assustador também.

Nunca achei que existisse um lugar no mundo que fosse perfeito. Nunca tive a ilusão da existência de Shangrilá, e nunca o busquei fora de mim, porque sempre soube que o meu Shangrilá está dentro de mim, e esse, só eu posso acessar! Então posso ter uma visão tranqüila dos lugares que conheço e desse que moro agora sem paixões, porque o que conta pra mim são as experiências e não as paisagens.Posso inclusive, tranquilamente mudar de paisagens, pois não procuro nelas, nada que já não tenha encontrado dentro de mim.

Esse é o tema desta postagem, porque cada vez fica mais claro pra mim, o quanto as paisagens são semelhantes, mas o quanto as experiências são absolutamente diferentes! Posso viver no mesmo lugar com outra pessoa e descrever esse lugar de forma absolutamente oposta da outra pessoa, porque minhas experiências foram diferentes, porque meu olhar sempre virá carregado do meu perfume interno, das minhas paisagens internas...

Não temos poder sobre as paisagens externas, mas temos muito poder sobre as experiências. Não posso mudar o lugar que estou, mas posso mudar o meu olhar, posso decidir buscar experiências que me enriqueçam, posso escolher crescer e aprender coisas, ao invés de julgar e criticar. 

Não é a melhor escolha, olhar outra cultura e julgá-la com o olhar da minha cultura, em sociologia isso chama-se etnocêntrismo. Perco tempo quando julgo outra cultura, ou mesmo outra pessoa a partir dos meus valores. Posso olhar as "paisagens" (lugares, pessoas..tudo que está fora de mim), e perceber como elas reverberam dentro de mim...como as percebo...como as sinto. Isso é bom, mas isso não produz uma verdade absoluta, isso é apenas minha experiência.

A primavera chegou nos EUA. Nunca morei em lugar que houvesse primavera, então tem sido uma experiência mágica. As flores simplesmente começaram a brotar por todos os lugares. As cores são lindas. Tudo muito encantador... Fico muito feliz de ver algo assim e de poder falar sobre isso. A primavera é linda! Junto com a beleza da primavera, vieram meus espirros. Espirro o tempo todo. Percebo que tem algo a ver com as flores que estão em todo lugar. Percebo também que posso começar a culpá-las pelos meus espirros...e transformar a linda primavera em uma vilã na minha vida. Calma...., pois definitivamente, não farei isso.

Que venham as flores, e se o preço pra ver esse espetáculo for espirrar muito, que venham os espirros! Cada vez que eu espirrar pensarei nas flores e o quanto elas estão encantando minha alma e saberei que é um preço justo...justíssimo!

Namastê


Ludmila Rohr

P.S. Hoje viajaremos para conhecer Washington DC. Faremos mais um contato com o novo aqui nos EUA! 


terça-feira, 2 de março de 2010

Energia Sexual


Como psicoterapeuta e professora de yoga, desenvolvi um interesse particular por essa energia: A Energia Sexual!

Diferente do que as pessoas podem pensar, não estou falando de genitalidade, estou falando de algo muito maior que o ato sexual em si. É fácil pensar que Sexualidade se resume a como usamos os nossos genitais, ou aos prazeres que eles podem nos proporcionar, mas é muito mais do que isso! Entretanto, não posso deixar de dizer, que a forma como nos apropriamos e desenvolvemos essa Energia, reflete-se diretamente na forma como lidamos com a nossa sexualidade no corpo.

A energia sexual é muito mais que genitalidade, mas também é genitalidade. O erro seria resumi-la a isso, mas negar o aspecto corporal fantástico dela, seria um erro maior ainda.

Em uma sociedade das aparências, somos obrigados a parecer sexualmente felizes e poderosos, e isso acabou por criar um padrão estético. As pessoas que fogem a esse padrão de exigência estética podem parecer inaptas ao sexo e aos seus prazeres, e pode até se sentir assim, mas isso é uma grande bobagem. Entretanto esse não é o tema dessa postagem.

Gosto de pensar em Energia Sexual, porque reconheço esse poder em mim. Reconheço essa energia na coragem que coloco na realização dos meus sonhos, mas também no prazer que sinto em morar no meu corpo. Reconheço o meu poder Sexual, quando me deparo com um desafio em que muitos desistiriam por conta do medo, e eu me sinto entusiasmada e excitada. A apropriação que fiz e desenvolvi da minha energia sexual, me faz ser intensa naquilo que faço. Não tenho medo de errar, nem de me expor.

A minha apropriação dessa energia, me coloca em um lugar de muita autoconfiança. Confio em mim e gosto muito disso em mim! Essa confiança não significa uma onipotência, muito pelo contrário. Eu parto do princípio de que vou errar, de que é certo que vou falhar. Diante disso, as vitórias são sempre lucros. Não me sinto na obrigação de vencer ou na impossibilidade de falhar.

Sinto que a liberdade que essa visão de mim, me garante, me dá um poder enorme diante de mim mesma. Sou assim.

O que isso tem com ENERGIA SEXUAL? Tudo. Tudo isso é Energia Sexual. Essa energia nos oferece poder sobre si mesmo, confiança, alegria de viver, coragem, serenidade, mas muita assertividade e determinação!

Recentemente escrevi um livro (ainda não publicado), que versa sobre "Como se tornar uma Mulher Sexualmente Adulta", esse é um projeto desses últimos 5 anos, em que pude me conectar de forma profunda com essa energia e me liberar de registros que a limitavam e me impediam de alguma forma de me perceber de forma mais inteira. Espero conseguir publicá-lo em breve, pois tenho certeza de que poderei ajudar muitas pessoas.

Essa conexão não me transforma numa super-mulher, primeiro porque não acredito nelas. Não acredito que precisamos deixar de sermos humanas para nos conectar com esse poder, e segundo porque é exatamente nos conectando com nossa humanidade que nos apropriamos dele. Entretanto, essa conexão me fez ser muito mais consciente e adulta.

Sinto que sou responsável por mim e por meu prazer, por minhas vitórias, por meus sonhos...sou responsável e sou dona de mim, exatamente por que não sou dona de nada. Acho que o nome disso é LIBERDADE.

Ainda não sou livre o bastante..tenho crenças que me impedem, e esse caminho é longo...mas tenho algo que é muito legal. Tenho uma boa consciência de mim mesma..posso ficar com minhas dores e prazeres, porque dou conta disso. Posso ficar com a minha luz, mas também com minha sombra. Minha mente oferece um bom suporte para mim mesma. Não me abato com as minhas dores e posso me entregar aos meus prazeres.

O nome disso é Felicidade e, é um lugar bem confortável dentro de mim!!!!

Namastê


Ludmila Rohr