quinta-feira, 20 de junho de 2013

EXISTIRMOS, A QUE SERÁ QUE SE DESTINA?


Existirmos, a que será que se destina?
Essa é a pergunta que nunca se cala dentro de mim. Medito desde minha adolescência e não consigo sair desse tema: O sentido da existência. Parece deprimente, e as vezes até eu mesma gostaria de conseguir viver sem pensar. Acho que seria mais simples, mas não consigo. 

Queria muito acreditar que minha existência teria como fim, criar os meus filhos, ou cuidar da minha família, ou ser uma boa profissional, mas não consigo. Parece que isso não basta pra mim.


Queria muita acreditar que minha vida estaria completa e com suas finalidades realizadas, apenas por cuidar daquilo que diretamente me afeta. Mas não consigo, ou melhor dizendo, queria que muitas coisas não me afetassem, mas elas me afetam. 

Deveria ficar tranquila por que não preciso andar de ônibus no Brasil, por que não preciso pegar fila do SUS pra conseguir atendimento médico, por que não sou gay e nem tenho filhos gays e por isso não tenho que me importar com os "Felicanos" da vida, mas não consigo.

Não consigo pensar que minha vida se resume ao meu umbigo. Simplesmente não consigo.
Queria pensar que hoje meu maior problema é a saudade que sinto dos meus filhos, que estão longe, mas não consigo.

Penso demais. Penso demais na função da nossa existência. Penso demais no que acredito termos como missão nesse tempo que temos aqui. 

Não consigo acreditar que nasci para cuidar do que é meu, e depois morrer. Se assim fosse, viver não teria a menor graça. Se assim fosse, viver não teria o menor sentido. Pode ser que a vida seja apenas isso e eu não consiga me render. Não consigo com clareza responder qual o sentido da minha existência, mas com convicção posso afirmar que não se resume a cuidar apenas do que é meu.

Sei que minha existência pode não ser, e nem precisa ser grandiosa, mas sei também que minha existência não pode ser egoísta e focada exclusivamente no que me diz respeito. Quanto mais amplio o meu olhar saindo do meu umbigo, mais percebo que a dimensão do que é da minha conta se amplia também, muitas coisas que não me afetam diretamente, são da minha conta sim. 

É da minha conta se alguém leva 2 horas dentro de um ônibus super lotado pra chegar em casa depois de um dia de trabalho que não lhe garante um salário que mantenha sua família decentemente. É da minha conta e me ofende ver e escutar comentários e piadas racistas ou homofóbicas, apesar de ser branca e hétero. É da minha conta o que acontece nas ruas do Brasil, mesmo estando do outro lado do planeta. É da minha conta o que acontece com o mundo. É da minha conta que tanta injustiça aconteça o tempo todo. 

Não conseguiria ser diferente. 
Não conseguiria fechar os olhos diante da dor e do sofrimento alheio. 
Não conseguiria fechar os olhos diante de questões sociais.
Não conseguiria.

Não sei ainda a que se destina a minha existência, mas sei que ela não se resume a olhar para o meu umbigo, e isso não me faz melhor do que ninguém, talvez até me deixe com uma sensação de tristeza a meu respeito. Sinto como se estivesse imobilizada apesar de consciente. Isso, definitivamente não me leva a pensar que sou melhor que ninguém, muito pelo contrário, me sinto impotente e acomodada, apesar da inquietação.

Existir, a que será que se destina?